A FORMAÇÃO INTEGRAL DO SER HUMANO.

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25/05/2010 00:34

Filme As Invasões Barbáras

por Dennis de Oliveira e Maria Angela Pavan



O canadense Denys Arcand, 64, autor de "O Declínio do Império Americano" (1986), e agora "As Invasões Bárbaras" (2003) não pensou que faria os espectadores do seu filme remexer na cadeira ao assistir a morte de suas ideologias e da sociedade ocidental. Uma queda que aconteceu na reunião dos mesmos atores depois de 17 anos, queda que acompanha a morte do mesmo personagem de Declínio – REMY.

O personagem Rémy, com suas opiniões políticas e sonhos interrompidos, somos todos nós diante dessa maturidade solitária, individualmente. Sem os grandes sonhos de cumplicidade e coletividade. Ao desenrolar sua história que entrelaça na história dos amigos, REMY faz um trajeto bem humorado do fim das ideologias. Mas isso não para por aí, os diálogos são francos, honestos e doloridos para quem assiste.

"As Invasões Bárbaras" no Festival de Cannes, em maio de 2003, conquistou o prêmio de melhor roteiro (do próprio Arcand) e o de melhor atriz para Marie-Josée Croze (Nathalie).
Numa entrevista a Folha de São Paulo, na ocasião do lançamento de seu filme no Brasil em 2003, Denys Arcand disse que não havia planejado realizar uma “bilogia” do primeiro filme, mas ao escrever o roteiro várias vezes, achou que o humor ficaria bem encaixado na segunda versão do Declínio. Ele queria escrever sobre a morte, mas não queria algo deprimente. Deste sentimento surgiu a idéia de desenvolver a história com os mesmos personagens de "O Declínio do Império Americano".

Arcand fala em sua entrevista de sentimentos generosos dos jovens de sua época, onde acreditavam no socialismo e em todos os “ismos” que existiram. Mas também lembra que houve a desconstrução de todas as formas de governo, de política de conduta e diz também que esta afirmação vale para todas as pessoas na sociedade ocidental de hoje.
Hoje não há sonhos e não há o que colocar no lugar do vazio que tomou conta do cenário destes velhos sonhos. Hoje já não há teorias e modelos para serem seguidos.

Os personagens do filme, segundo Arcand, viveram tentando fazer o melhor possível, e isso não soa deprimente pelo menos não foi o que ele quis passar. Mas desculpe Denys Arcand, m foi o que mais sentimos. As cenas são honestas e verdadeiras, mas deprimentes.

O fantástico foi perceber as delicadas manifestações dos bárbaros em nosso cotidiano. Quem não é o pai que sonha com um emprego (bem pago) para seus filhos, pode até ser uma multinacional, esta empresa que tanto condenamos na nossa época de movimento estudantil. Hoje são outros tempos, o que é o imperialismo, tudo e nada, o que vale é o emprego. Remy não queria isso para seu filho, mas o chamou de príncipe no fim do filme. O filho de Remy trabalha numa multinacional de petróleo, tudo contra sua convicção política há tanto tempo arraigada, mas decide ir contra tudo o que lutou. Estamos agora cada um por si, correndo atrás de nossas utopias individuais, nossos prazeres familiares saciados, aí sim estamos felizes.

A grande mudança precisa de encontros, do coletivo para tomarem força, forma e movimento. Mas desperdiçamos nossos tempos em prol de nossos umbigos.
Daí a revolução se concentra na discussão dos relacionamentos amorosos, do corpo adequado, do currículo cada vez maior, do número de viagens realizadas... Os problemas pessoais como primeiro foco. Quando esta revolução e crise de ideais se fecham num segmento social específico, ele se atarraca com os muros de uma linguagem própria deles (os famosos neologismos) e na intolerância como diferente.

O deslocamento existe sem sobra de dúvidas. A relação da Deise e sua filha, se dá em cima da intolerância e falta de diálogo. A afetividade perdida em algum canto de suas vidas. Que nos abra a voz os jovens – que são os que mais sentem esta distopia.

Em Declínio a separação de Remy e sua esposa (que tem um discurso de fidelidade) são a presença do muro que sem perceber criamos para que não haja a palavra tolerância em nossos dicionários.

Uma pesquisadora da etno-matemática nos contou o motivo pelo qual as crianças hoje em dia demoram em se familiarizar com a divisão na matemática. Ela dizia que a divisão era a primeira aprendida entre os índios, as crianças da nossa sociedade não sabem dividir, porque os pais também não sabem. Esquecemos de perceber o mundo intuitivamente. Nossa sociedade tem o primado da utilidade e não da economia não computável, que é alegria, o convívio e as trocas sociais.

São tantos os muros, em invasões o muro é derrubado quando Rémy, doente, é salvo pelos "bárbaros", ou que nós, da esquerda, chamamos das chagas do capitalismo neoliberal: o capital financeiro (representado pelo seu filho), o imperialismo norte-americano (representado pelo laboratório dos EUA onde faz os exames), a polícia (que indica o local onde se comprar heroína), a Igreja Católica (a mulher que distribui a hóstia é a mesma que injeta heroína em Rémy para aliviar as dores) e o tráfico de drogas (representado pela filha de Deise e o traficante). Remy é salvo pelas drogas e ao mesmo tempo tem sua morte apressada pelos mesmos. A tolerância não percebida em "Declínio" aparece aqui porque é inevitável a morte de Rémy que simboliza a morte de uma geração da utopia.

Uma frase de Rémy, já agonizando na casa do lago:
"Reverenciem o seu novo príncipe" (e entra em CENA o seu filho - Casado, fiel à esposa, bom marido, bem sucedido, (etc e tal).

É o resultado de uma "autofagia" que a intelectualidade de esquerda tende a fazer quando os projetos coletivos perdem espaços. Trocamos as bandeiras do socialismo pela discussão dos relacionamentos pessoais - isto pode satisfazer nosso ego de inconformados com o sistema, mas, na prática, estamos virando as costas para a invasão dos bárbaros.
Nosso gueto (instituições onde trabalhamos, grupos de amigos) nos dá uma sensação de segurança, mas é uma autofagia. Vejam há colegas professores de universidade achando que o mundo é só a academia, dirigentes de movimentos sociais achando que o mundo é só o universo de lideranças de movimentos, militantes de partidos de esquerda também vivendo entre si...

Olhamos a população de uma forma contemplativa - no máximo, criamos laços de solidariedade. Isso é uma grande bobagem, do que precisamos sabemos há muito tempo – precisamos trocar a solidariedade pela CUMPLICIDADE - temos que ser cúmplices de um projeto, de uma traquinagem, de uma peraltice, de uma mudança.

Ser solidário cria tolerância, mas não diminui a distância porque não cria compromissos. Pelo contrário, reforça os muros dos guetos - muros de vidro, muros transparentes, mas infelizmente são muros... Rémy, Pierre, Dominique, Deise e companhia se guetizaram e, por isto, morreram como cúmplices da mudança. Como a maioria de nós, não foram capazes de impedir a invasão dos bárbaros.

03/05/2010 00:15

A formação integral do ser humano.

 A formação Integral do ser Humano.

 

Introdução:

Em pleno século XXI já não é mais possível discutir formação integral do homem, sem que se discuta educação, pois esta, hoje é vista como algo permanente, por toda a vida, um processo de aprendizado contínuo, e não mais como uma etapa: estudar, depois entrar na sociedade, no mercado de trabalho, no contexto social de forma geral.

Segundo La Torre (2002 ) “...as tradicionais metodologias de ensino baseadas na mera transmissão de informação, não respondem às demandas socioculturais do nosso tempo nem se ajustam aos princípios de construção do conhecimento que caracterizam a maior parte das reformas educacionais”. Isto implica que os educadores devem munir-se de metodologias peculiares para que seja construída na criança de hoje, um homem de princípios que irá compor a sociedade futura.

Para que a educação aconteça da forma desejada é necessário uma serie de estratégias educacionais, envolvendo escola e família, levando em consideração os princípios da criatividade, qualidade, competência e colaboração, princípios esses que permitam avançar para uma nova sociedade que configura a contemporaneidade. Essa maior integração entre escola e família, tem por finalidade principal, mostrar uma nova fase para educação que deve ser organizada em quatro pilares principais de aprendizado a serem utilizados em algum momento da vida de todo indivíduo: aprender a conhecer,ou seja, adquirir competência que facilite a compreensão; aprender a fazer, para saber como agir no meio do qual faz parte; aprender a viver junto, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; e por ultimo e não menos importante aprender a ser, via essencial que integra os três pilares anteriores.

 

Família – primeira educadora

Um dito popular, e que vale a pena ser citado diz “casa de pai escola de filho”, mas qual o verdadeiro significado desse dito de sabedoria popular?

Para a Professora Neuza Pinto Valentim:

além do corpinho frágil com que iniciamos nossas vidas, existe uma alma imortal, dotada de personalidade, maturidade etendências que podem ser modificadas, através da educação e dedicação dos pais, é, na infância, o momento certo de orientar, construindo-se, assim, uma formação à altura da missão que irá, certamente precisar cumprir, no ambiente em que for chamado a interagir. ( VALENTIM, Neuza Pinto, 2007)

Sabemos que são os pais que detém as responsabilidades sobre os filhos (que podem ser chamados de alunos), pois são como “brotos”, que precisam ser regados e cuidados para crescerem fortes, é ai que os pais atuam, não somente no diálogo, ouvindo-os, aconselhando-os, mas principalmente através de gestos, da vivência: desculpando os erros dos outros; não devem ser vistas pelas crianças, como pessoas depressivas, sofredoras, ansiosas, desamparadas; ter o cuidado para não transformar a liberdade em libertinagem (liberdade excessiva) ; é educar com valores, dando-lhes exemplos de honestidade, controle de sentimentos e disciplina, implantar o respeito pelo próximo. É monitorando o seu próprio comportamento na presença das crianças que a família transmite a segurança a fim de terem um futuro melhor. É possível afirmar que toda criança aprende com os exemplos que têm, ou seja, podemos avaliar parte de seu comportamento pelo ambiente familiar que está inserida.

Diz Camargo que:

a confusão ora reinante na sociedade resulta do descaso a que se tem voltado a importante questão da educação. Os males que flagelam a humanidade contemporânea procedem da descrença, do ceticismo e da falta de confiança na eficiência da educação moral.(CAMARGO, 2008, p.24).

O que afirma mais uma vez que a educação é resultado de uma associação entre pais (enquanto família) e professores (assim podemos nomear o profissional licenciado para ministrar aulas) parafraseando Camargo “nem uma semente germina sozinha, tudo que evolui, evolui de um germe ou embrião”, o que implica que nada floresce e amadurece como desejado sem que aja zelo, cuidado, poda quando necessário.

 

Escola e Sociedade

O ser humano, nasce para viver em sociedade, isto significa que ele evoluirá e chegará um momento que somente o seio da família não suprirá as suas necessidades enquanto homem, isso se dá com o afloramento dos desejos, de conquistas, de liberdade e até mesmo de entendimento de sua existência, é nesse momento que ele é despertado, a principio ainda criança, a frequentar as escolas e conviver com outras pessoas. Pensando nisso, nessa formação humana é que dá-se o sentido verdadeiro para o modelo familiar educacional, que segundo esse modelo, faz se uma pré-moldagem no aprendiz desde o seu nascimento e passa a ser lapidado, agora não somente pelo âmbito familiar, esse passa a sofrer influências sociais.

Nesse sentindo podemos afirmar que a escola age como grande parceira e incentivadora da família, proporcionando o crescimento do indivíduo em suas relações intrapessoais. Ela o ajuda a desenvolver uma mentalidade crítica, que é capaz de dar-lhe condições de perceber o mundo e analisar as ocorrências sociais e seu contato com a natureza, além disso ela fornecerá conteúdo acadêmico indispensável para uma formação voltada para o mercado de trabalho.

E na escola onde o indivíduo tem as primeiras experiências do que será a sua vida social, o professor passa a ser um referencial, tornando-se muitas vezes como modelo de homem. Então os educadores , assim como os pais no ambiente familiar, desempenham a função de proporcionar ao aprendiz exemplo de conduta, pois é nesse momento que o professor passa a ser figura pública, um modelo social a ser seguido. É nesse ambiente que a criança começa a crescer, e vem a puberdade, e a criança sai de cena, dando espaço agora para um adolescente, fase mais complexa, onde começam a surgir maiores responsabilidades, desafios, e a descoberta sexual, e com certeza muitas dúvidas.

É nessa parte da vida que os educadores, passam também a ser conselheiros, já que com tantas mudanças hormonais acontecendo, muitos jovens por medo ou receio, preferem tratar de muitas dessas dúvidas e desejos com o professor do que com a família, e este profissional deve ter preparo suficiente para lidar com calma, clareza e compreensão, além de usar seu papel de líder de forma que eduque, sem intimidar. Talvez seja nessa fase de firmamento de personalidade que o professor desempenha o ápice da contribuição na formação do ser humano.

 

Considerações finais:

A educação é de fato um instrumento gerador de transformações e um grande processo para a formação ser humano. Esse processo educativo deve oferecer ao indivíduo habilidades para que ele desenvolva a capacidade de agir sobre o mundo e também fazer com que o mesmo compreenda a ação exercida em sociedade. Uma formação integral possibilita ao homem ser questionador, construtor de saberes, transformando-o num ser crítico e ético, para Delors (1998,p. 11) “ante os múltiplos desafios do futuro, a educação surge como um triunfo indispensável à humanidade na sua construção dos ideais da paz, da liberdade e da justiça social”, o que deixa cada vez mais claro que não se pode tratar de formação sem falar de educação.

Neste sentido de formar cidadãos, a escola e a família desempenham um papel fundamental neste processo educativo. A família é a base do indivíduo, pois ela é a primeira instituição da qual ele faz parte. Segundo Lancam:

A importância da primeira educação é tão grande na formação da pessoa que podemos compará-la ao alicerce da construção de uma casa. Depois, ao longo da sua vida, virão novas experiências que continuarão a construir a casa/ indivíduo, relativizando o poder da família (LANCAM, 1980 apud BOCK, 1989, P. 143).

A escola age como grande parceira e incentivadora da família, proporcionando o crescimento do indivíduo em suas relações intrapessoais. Ela o ajuda a desenvolver uma mentalidade crítica, que seja capaz de dar-lhe condições de perceber o mundo e analisar as ocorrências sociais e seu contato com a natureza. O professor com uma postura reflexiva é um importante mediador nesta formação, interagindo de maneira direta com o aprendiz, colocando-o em contato com o conhecimento cientifico respeitando a realidade do estudante, fazendo com que as experiências vividas no espaço “escola” sejam parte de sua formação para a sociedade. Para que o processo aconteça com o sucesso esperado é necessário que os profissionais da educação estejam realmente envolvidos e qualificados para introduzir o conhecimento didático, de maneira que ajude o aluno ser construtor de seus próprios pensamentos.

Em vista desse grande e longo processo educativo, é de extrema importância que a família, a escola e a sociedade em que o sujeito ajuda a compor, com seus respectivos valores, forneçam uma estrutura que capacite o mesmo a traçar os seus objetivos, e a adquirir uma postura ética, crítica e moral. Pois se o sujeito possuir uma boa estrutura educacional, aqui já falamos de educação como um todo e não somente do conhecimento cientifico, independente dos problemas sociais sofridos o sujeito é capaz de voltar de lidar com essas questões sem a perda de identidade. Parafraseando Steinberg “bons educadores criam um ambiente familiar-escolar que favoreçam o equilíbrio emocional e os elementos associados a ele”, ou seja, par que formação do ser humano seja integral, faz-se necessário cuidado na educação desde o seu nascimento.

 

 

 

 

 

@redação História Interativa.

Referências:

 

A arte de educar, disponível em https://migre.me/AYzi Acesso em 30 de abril de 2010.

Artigos e textos, disponível em:: https://migre.me/AYBs Acesso em 20 de abril de 2010.

Como obter uma formação integral, disponível em : https://migre.me/AYDB acesso em 01 de maio de 2010.

GAMA, José Antonio, O papel da Educação, disponível em: Acesso em 28 de abril de 2010. : https://blog.formacaocontinuada.org/?p=31, Acesso em 28 de abril de 2010.

 

 

 

26/04/2010 12:37

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03/05/2010 00:21

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